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Prevenção de quedas no Domicílio

  • Foto do escritor: Enfermeira Sara
    Enfermeira Sara
  • 29 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 1 de set. de 2020


A necessidade de diminuir o número de quedas verificado entre a população é uma grande preocupação a nível hospitalar e institucional. Esta incidência traduz-se em desconforto para os doentes, incluindo a sua permanência nos serviços de internamento, com as possíveis complicações que uma situação destas pode acarretar.


À semelhança do que acontece nas instituições, evitar quedas no domicílio é também uma preocupação de quem é idoso, de quem está mais debilitado, física e mentalmente, e daqueles que têm pessoas com idade e / ou doentes a seu cargo.


Se esta é a sua situação, esteja atento, pois existem algumas circunstâncias que podem facilitar a ocorrência de uma queda, nomeadamente:


· Idade avançada.


· Problemas de saúde pré-existentes.


- Doenças que implicam alteração do estado de consciência, associadas a confusão mental e a défice motor como Alzheimer e Parkinson.

- Diabetes: é uma doença crónica com imensas complicações que podem ter um efeito directo na ocorrência de uma queda. São exemplos destas complicações a Neuropatia Diabética (provoca danos nos nervos periféricos, com subsequente diminuição da sensibilidade periférica, a nível dos dedos das mãos e dos pés), a Retinopatia Diabética (perda de capacidade visual) e as Hipoglicémias (diminuição de açúcar no sangue, uma situação que pode ser causadora de confusão, fraqueza e até perda de consciência).

- Doenças Cardiovasculares (Hipertensão Arterial, Hipotensão Arterial, Arritmias Cardíacas).

- Doenças Osteoarticulares que provocam dificuldades a nível da mobilização e deambulação, muitas vezes associadas a dor crónica.

- Alterações no equilíbrio corporal.



· Pessoas que foram operadas recentemente e que ainda estão debilitadas.


· Presença de perfusões (como soros) e dispositivos médicos (algálias) onde facilmente as pessoas podem tropeçar.

· Medicação - A toma de medicação é necessária, mas obviamente deve ser feita com cuidado e sempre prescrita por um médico. Existem medicamentos que podem induzir alterações no estado de consciência, como anti-depressivos, calmantes, analgésicos opióides e outros que, em doses excessivas, podem causar mal-estar e fraqueza e por essa razão serem facilitadores de uma queda. No caso de pessoas diabéticas, a administração de insulina, sem o devido cuidado, pode levar a hipoglicémias assim como os anti-diabéticos orais.

· A medicação anti-coagulante (como o Varfine, Sintrom, Apixabano) tão necessária para manter uma determinada fluidez no sangue, de forma a evitar a existência de coágulos sanguíneos em certas patologias, por si só não leva à ocorrência de uma queda.

Contudo, quem toma este tipo de medicação tem maiores probabilidades de sofrer uma hemorragia interna ou ter uma hematoma subdural (hemorragia no cérebro) após uma queda.

É importante frisar que os hematomas subdurais têm uma taxa de mortalidade considerável.

Sugestões para evitar quedas no domicílio:


· Incentivar a realização de alguns exercícios para melhorar a capacidade motora e a força do seu familiar: estas podem ser determinantes no momento da queda, podendo mesmo evitá-la e/ou diminuir as suas consequências.


· Manter um ambiente organizado e liberto: evitar o uso excessivo de tapetes e de tudo o que possa implicar a existência de um chão escorregadio.


· Usar sempre calçado anti-derrapante e de tamanho adequado.


· Evitar roupas muito largas e compridas.


· Adaptar os espaços da casa para pessoas com mobilidade reduzida, particularmente o WC: Colocar um banco no chuveiro e pegas laterais, assim como um elevador do tampo da sanita com apoio de braços.


· Tentar antecipar as necessidades da pessoa doente ou idosa, deixando tudo o que ela poderá precisar num espaço relativamente acessível para ela, caso tenha de se ausentar ou afastar.


· Se achar que se justifica, considere o uso de um intercomunicador (como aqueles usados nos bebés) para poder estar sempre atento ao que se passa com o seu familiar, principalmente durante a noite.


· Promover uma boa hidratação. Os idosos normalmente bebem pouca água e a desidratação provoca confusão mental.


· Providenciar pontos de apoio ao longo da casa.


· Estimular o uso de uma bengala para maior segurança ou, em casos mais complicados, de um andarilho ou até cadeira de rodas. Ensine-o a utilizar convenientemente estes auxiliares de marcha. (Converse com o seu familiar sobre este assunto de forma assertiva, existem pessoas que têm muita dificuldade em aceitar a necessidade deste tipo de ajuda).


· Não deixar idosos no WC sozinhos com porta fechada e a água do duche muito quente, principalmente se têm Doenças Cardiovasculares. Esta combinação de factores provoca hipotensões, que levam a tonturas, desmaios e perda de consciência.


· Supervisione a toma de medicação ou providencie quem a faça. Erros na toma de medicação podem ter complicações desastrosas, nomeadamente hipotensões, hipoglicémias, alterações do estado de consciência que, como já foi descrito anteriormente, podem facilmente originar uma queda.


· É importante explicar à pessoa formas seguras de se levantar da cama, da cadeira e similares de acordo com as suas limitações.


· Caso se ausente deixe um telefone ou telemóvel sempre à mão do seu familiar, um contacto telefónico de marcação rápida (além do 112) e um papel com a morada. Explique-lhe o que deve fazer se cair e como se levantar.


As quedas no domicílio resultam, muitas vezes, em problemas graves, nomeadamente fracturas ósseas complicadas, que requerem longos períodos de recuperação, hemorragias sanguíneas, hematomas subdurais e outras complicações decorrentes de internamentos prolongados, como infecções hospitalares. Os gastos económicos são consideráveis, assim como o tempo útil perdido em hospitais, consultas e fisioterapia.

Em última instância, uma queda pode até implicar a perda da vida da pessoa em causa, pelo que todo o cuidado é pouco.


Até breve!

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